O superintendente do Sebrae Roraima, Emerson Baú, foi o convidado da reunião ordinária do Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa, Economia e Política Industrial (COMPI) da Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER), realizada no dia 1º de julho de 2025. Na palestra com o tema “Roraima em perspectiva: política industrial e ambiente de negócios”, Baú apresentou uma análise sobre os rumos da economia roraimense e defendeu que as micro e pequenas empresas (MPEs) são os motores de um novo ciclo de desenvolvimento no estado.
Segundo o superintendente, Roraima vive uma fase de transição econômica, marcada pela necessidade de inovação, conectividade e adaptação. Nesse contexto, as MPEs exercem um papel central no fortalecimento da economia local, contribuindo para a geração de empregos, a diversificação produtiva e o aumento da competitividade. A parceria entre o Sebrae e a FIER foi destacada como estratégica para impulsionar esse processo, por meio do apoio institucional e da formulação de políticas voltadas ao fortalecimento dos pequenos negócios.
Roraima como território estratégico
Durante a apresentação, Baú ressaltou o posicionamento de Roraima como um território estratégico na Amazônia Legal. Ele destacou o potencial do estado nos setores agrícola, mineral, energético e logístico, além da crescente integração a cadeias produtivas regionais e internacionais. A recente ampliação da infraestrutura e da conectividade também foi apontada como um fator decisivo para o avanço do setor produtivo.
Estamos diante de uma janela de oportunidades. Roraima começa a ganhar espaço nos mercados internos e externos. Temos confirmada, uma rodada de negócios com países como Suriname, Trinidade e Tobago e Guiana.Afirmou Baú.
Desafios ainda persistem
Apesar de o cenário promissor, o superintendente do Sebrae alertou para os desafios que ainda limitam o ambiente de negócios local. Entre os principais entraves, estão o alto custo logístico, a baixa diversificação da base produtiva, a carência de mão de obra qualificada e a presença marcante da informalidade. “O empreendedor em Roraima ainda enfrenta custos elevados para adquirir insumos, matérias-primas ou equipamentos, especialmente pela distância dos grandes centros de produção e consumo”, destacou.
Baú também ressaltou que a burocracia ainda é um obstáculo frequente, especialmente para as empresas de menor porte. Segundo ele, a superação dessas barreiras passa por ações coordenadas entre governo, setor produtivo e instituições de apoio.
Política industrial como eixo de transformação
Em sua fala, o superintendente apresentou as principais diretrizes da Política Industrial de Roraima, que incluem a verticalização da produção agropecuária, a criação de programas de industrialização e a atração de investimentos. O plano prevê ainda o fortalecimento dos distritos industriais e polos produtivos, em articulação com o Plano Nacional de Neoindustrialização.
Para as micro e pequenas empresas, as oportunidades mapeadas envolvem o acesso a mercados por meio das compras governamentais, linhas de financiamento do FNO, da Agência de Fomento de Roraima e do BNDES, além da inserção em cadeias produtivas e ações voltadas à inovação e à qualificação técnica.
Porto Seco deve fortalecer a economia local
Durante a apresentação, Baú também abordou a expectativa em torno da implantação do Porto Seco de Boa Vista, prevista para 2026. Segundo ele, a nova estrutura vai reduzir custos logísticos, desburocratizar processos e ampliar a capacidade de exportação e importação do estado. “Com a implementação do porto seco, o estado poderá exportar e importar de forma mais simples. Isso terá um impacto direto na competitividade das empresas locais”, avaliou.
O Porto Seco será um espaço alfandegado com mais de 21 mil metros quadrados, fruto de um investimento estimado em R$ 30 milhões. A previsão é de que, nos primeiros anos de operação, a estrutura movimente mais de 270 mil toneladas de produtos como carnes, grãos, frutas e fertilizantes. A licitação para definir a empresa administradora está agendada para janeiro de 2025, com contrato de concessão de 25 anos.
MPEs como protagonistas da transformação
Encerrando sua participação, Emerson Baú reforçou a convicção de que o futuro de Roraima está diretamente ligado à força das micro e pequenas empresas.
Como economista, vejo claramente que estamos entrando num ciclo econômico de independência dos recursos públicos. E as MPEs são os principais responsáveis por isso.concluiu.
O encontro do COMPI reafirmou a importância do diálogo entre as instituições de fomento e o setor produtivo, com o compromisso de fortalecer políticas públicas e estratégias empresariais que consolidem Roraima como uma economia mais dinâmica, diversificada e integrada.