Viver de música é algo possível não somente para os artistas que estão nas grandes mídias e que já conquistaram a fama, como também para quem está começando. As oportunidades de negócios são para todos: da corporação multinacional ao músico independente. Com esse lema, o Sebrae/RR realizou o Workshow “Meu Negócio é a Música”.
A programação ocorreu dia 8 de novembro, no Mangai Indústria Criativa, e contou com palestras de profissionais de renome no cenário nacional, rodas de conversa e apresentações culturais no formato Pitch de carreira + Jam Session de música autoral com os artistas Ana Lu, Emerson Pereira e Milena Makuxi, da Banda Sociedade de Esquina.
A ideia do Workshow é mostrar que é possível empreender com a música em Roraima, mesmo que a região esteja geograficamente longe dos grandes centros.
O diretor de administração e finanças do Sebrae/RR, Almir Sá, ressaltou a importância de empreender com a música.
“Essa é uma iniciativa inovadora e brilhante do Sebrae, e apoiar o artista faz parte da nossa história. O segmento da música tem uma atuação significativa no mercado do entretenimento e movimenta a economia. O Sebrae apoia tudo que gera emprego, renda e desenvolvimento”, pontuou.
O analista técnico da Unidade de Gestão da Inovação e Mercado do Sebrae/RR, Luã Andrade, explicou que o objetivo é fazer com que o artista passe a se enxergar como empreendedor.
“O negócio da música envolve uma série de profissionais. São autores, artistas, técnicos, produtores, empresários, profissionais liberais. Então o Workshow mostra para esse público os desafios e oportunidades pra empreender nesse segmento”, disse.
PALESTRAS E RODAS DE CONVERSA
O primeiro palestrante foi o músico e produtor Jacques Figueiras que apresentou o tema “Você não é um músico, você é uma empresa: Como opera uma empresa no segmento musical?”.
Ele é vencedor do Grammy Award em 2013 e Latin Grammy em 2014, ambos na categoria Melhor Álbum de Jazz Latino. Atualmente, Figueiras gerencia uma plataforma on-line com conteúdo e cursos para ajudar os artistas a entender e viver da música.
“Muitas vezes vemos a arte pela arte e esquecemos que ela também é uma forma de ganhar dinheiro. Por isso, temos que encará-la como um negócio, não importa onde você esteja. Existem mais pessoas que vivem de música longe da grande mídia do que em frente aos holofotes. Existe toda uma economia que gira em torno da música e eu falo justamente sobre isso, como cuidar desse negócio e torná-lo um meio de vida viável”, citou.
O consultor de negócios e inovação nos setores da economia criativa, produtor cultural e músico, André Lira, foi o segundo palestrante convidado. Ele falou sobre o tema “Estratégias para construir público para sua música”.
“É preciso pensar além das estratégias tecnológicas e de marketing; pensar mais no cotidiano, nas relações entre os músicos com as cidades e circuitos. É possível viver da música, mas, para isso, o público e o artista precisam estar em sinergia para que o trabalho produzido tenha um alcance mínimo possível, além de público para poder consumir esse trabalho, espaço para tocar e locais para apresentações”, destacou Lira.
Além das palestras, ocorreram rodas de conversas para aprofundar a temática. A primeira delas teve como tema “Negócios da música em Roraima, desafios e oportunidades” com mediação do assessor técnico do Sebrae/RR e guitarrista da Banda Garden, Rodrigo Baraúna.
“Nossos artistas locais precisam perceber que a música é um negócio, enxergar que fazem parte da economia criativa e que acabam gerando trabalho para outros profissionais. Para um artista estar no palco ele precisa de um iluminador, de um técnico de som e uma infinidade de outras coisas, por exemplo. Nosso grande desafio é fazer com que, além de um grande artista, essa pessoa também seja um bom empresário”, declarou Baraúna.
O momento ainda contou com a participação dos convidados Manoel Rolla, Produtor Cultural e Vocalista da Banda Mr. Jungle, e Franklin Lima, baterista da banda Ride Blue e empresário da franquia BaterasBeat.
Já o segundo tema da roda de conversa foi “O futuro do mercado para a música brasileira” mediado por Vinícius Tocantins, Jacques Figueiras e André Lira.
“Ficou perceptível a vontade de todos em contribuir com o assunto, em especial, no uso de novas tecnologias digitais para gestão de carreira e Empreendedorismo. Ficamos agora na expectativa para com o retorno aos festivais de música e o aumento do profissionalismo quando pensamos a música em Roraima”, disse Tocantins, que é professor de computação e doutorando em Propriedade Intelectual e Inovação.
ARTISTAS APROVAM O WORKSHOW
Uma das bandas precursoras do movimento do Rock em Roraima, a banda Garden, esteve presente no Workshow. O vocalista Siddhartha Brasil parabenizou o Sebrae/RR pelo fomento ao setor cultural e falou da importância do evento.
“É possível sairmos do mercado da informalidade e apresentar esses produtos culturais como moeda de troca para poder viver e apresentar material de qualidade para a sociedade. Esse Workshow foi ótimo para quem já está nessa estrada há muito tempo, serviu para rever conceitos e aprender um pouco sobre as novidades e, também, é excelente para quem está começando ver que é possível viver da música” comentou.
Atuando no cenário musical roraimense há 10 anos, a cantora e compositora Ana Lu também esteve presente no Workshow. Para ela, a tecnologia rompeu fronteiras e ajuda o artista de forma significativa.
“Roraima é um estado em que muitos acreditam que seja geograficamente prejudicado por estar longe dos grandes mercados, mas é sempre importante lembrar que a internet está aqui para quebrar essas barreiras. Precisamos nos organizar como empresa, como negócio e que também podemos correr atrás de patrocínio e de apoio para que possamos monetizar nossa carreira, nosso som e ter esse vislumbre de oportunidades. O Sebrae é um grande parceiro e com certeza nos ajuda bastante nesse impulsionamento”, concluiu.