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A força criativa e empreendedora da Amazônia Roraimense terá mais uma vitrine internacional durante a COP30. Entre as marcas que o Sebrae Roraima levará para a En-Zone — o espaço da conferência dedicado à inovação e ao empreendedorismo sustentável — está a Galeria Jaty, comandada pelos biólogos Andrea Sant’Ana e Sewbert Jaty. O negócio nasceu do desejo de transformar a paixão pela Amazônia e pelas comunidades tradicionais em um modelo de comércio justo, sustentável e de impacto ambiental positivo.
A COP30, a 30ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, acontecerá em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025, reunindo chefes de Estado, cientistas e representantes da sociedade civil de mais de 190 países. Pela primeira vez, o evento será sediado na Amazônia, o maior bioma tropical do planeta, considerado essencial para o equilíbrio climático global. O encontro é visto como um marco histórico: ocorre dez anos após o Acordo de Paris, com a missão de acelerar as ações que limitam o aquecimento global e promovem o desenvolvimento sustentável.
No centro dessas discussões, a En-Zone — ou Entrepreneurship Zone — reunirá os Sebraes de todo o Brasil em uma mostra de produtos, iniciativas e histórias inspiradoras que conectam empreendedorismo e sustentabilidade. Cada marca foi selecionada por refletir valores ligados à bioeconomia, à inovação e à preservação da floresta. Para o Sebrae Roraima, essa presença é mais do que simbólica: é uma demonstração prática do compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente os que tratam de trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8), consumo e produção responsáveis (ODS 12) e ação contra a mudança global do clima (ODS 13).
Segundo Gabrielle Ribeiro, gestora do Projeto de Mercado do Sebrae Roraima e responsável pela curadoria das marcas locais, a iniciativa é uma oportunidade de colocar os pequenos negócios da Amazônia sob os holofotes do mundo. “A loja colaborativa instalada na En-Zone permitirá que empresas de todo o país mostrem o que têm de melhor. Roraima estará muito bem representada por empreendedores que unem propósito, identidade cultural e responsabilidade ambiental em seus produtos”, afirmou.
Da biologia ao empreendedorismo sustentável
A história da Galeria Jaty começa em 2022, quando Andrea e Sewbert, ambos biólogos com trajetória voltada à conservação ambiental, decidiram transformar o conhecimento científico em ação empreendedora. A ideia nasceu durante a participação no Inova Amazônia, programa do Sebrae que estimula a criação de negócios inovadores e sustentáveis na região. Foi ali que a semente da Galeria começou a germinar.
“Eu sempre trabalhei em ONGs, em contato direto com povos indígenas e comunidades tradicionais. Em cada viagem, percebia que essas populações produziam um artesanato riquíssimo, mas tinham muita dificuldade de comercializar. Era um trabalho cheio de significado, mas que muitas vezes não gerava renda suficiente para quem produzia. Foi então que pensamos em criar a Galeria Jaty como uma ponte entre esses artistas e o mercado, valorizando o trabalho deles e difundindo a cultura amazônica”, relembrou Jaty.
Para o casal, o empreendimento surgiu de uma inquietação pessoal e profissional. “A gente sempre acreditou que a ciência e o empreendedorismo podem caminhar juntos. Nós entendemos a Amazônia não só como um bioma, mas como um ecossistema de saberes. Queríamos mostrar que é possível gerar renda respeitando o tempo da natureza, as tradições e a história de quem vive aqui”, explicou Andrea.
O início foi desafiador. “Vendíamos pelo Instagram, levávamos os produtos para feiras e aprendíamos a cada tentativa. A gente sabia que havia um potencial enorme, mas não sabia por onde começar. O Sebrae apareceu nesse momento e foi essencial. Foi com o Sebrae que entendemos o que é gestão, planejamento, marketing e posicionamento de marca. É como se a Galeria tivesse nascido e crescido dentro de uma incubadora de conhecimento”, completou Andrea.
Segundo Jaty, a base científica dos dois ajudou a moldar o propósito da marca. “O olhar do biólogo está em tudo que fazemos: na escolha dos materiais, na preocupação com o ciclo de vida dos produtos, na valorização dos povos da floresta. A Galeria Jaty não é só uma loja — é uma extensão daquilo que acreditamos como pesquisadores e cidadãos da Amazônia”, afirmou.
Hoje, com loja própria, presença consolidada no mercado local e uma linha de produtos que une estética e consciência ambiental, a dupla celebra o fato de ter transformado uma causa em um negócio de impacto. “Empreender na Amazônia é muito mais do que vender. É contar histórias, gerar oportunidades e mostrar para o mundo que é possível viver de forma sustentável”, concluiu Andrea.
Um negócio que nasceu dentro do Sebrae
Os dois não hesitam em afirmar que a Galeria Jaty é um exemplo do que o Sebrae é capaz de construir ao lado de quem acredita no próprio potencial. “Posso dizer que a nossa empresa nasceu dentro do Sebrae. Foi lá que aprendemos passo a passo, com as consultorias e capacitações do Inova Amazônia, como estruturar a marca e o modelo de negócios. Se não fosse por isso, talvez ainda estivéssemos vendendo de forma muito simples, sem planejamento e sem entender de verdade o mercado”, explicou Jaty.
Hoje, o empreendimento participa de diversos programas de fortalecimento e internacionalização, como o Move+, o ALI Produtividade e o Peiex, este último voltado para empresas que desejam exportar seus produtos. “O Sebrae é como um porto seguro. Sempre que precisamos, encontramos apoio, orientação e novas oportunidades de crescimento. Esse vínculo é o que nos faz evoluir constantemente”, completou o empresário.
Sustentabilidade que inspira
A sustentabilidade não é apenas um pilar da Galeria Jaty — é a essência que move o negócio desde sua criação. Andrea e Sewbert transformaram seus princípios em práticas concretas dentro do empreendimento.
“Para a gente, sustentabilidade não é um conceito abstrato. É um modo de viver e de empreender”, destacou Andrea. “Nossa loja é um container reaproveitado, o que por si só já simboliza esse ciclo de renovação e reutilização. Desde o início, buscamos reduzir ao máximo o impacto ambiental e criar uma marca coerente com aquilo que pregamos como profissionais e como cidadãos da Amazônia.”
Cada detalhe foi pensado para reforçar essa filosofia. As embalagens, por exemplo, são livres de plástico e produzidas com materiais biodegradáveis. As etiquetas são feitas de papel plantável — pequenas sementes de flores e temperos que, ao serem depositadas no solo, transformam o descarte em vida.
“Quando uma pessoa compra conosco, ela não leva só um produto. Ela leva uma história, um propósito. Pode ser uma lembrança da Amazônia, mas também é um gesto de cuidado com o planeta. A ideia é que até o ato de abrir uma embalagem gere impacto positivo”, completou Jaty.
O casal explica que o olhar científico da biologia foi essencial para moldar essa consciência. O conhecimento sobre ecossistemas, cadeias produtivas e equilíbrio ambiental se traduz hoje em um modelo de negócio que busca inspirar outros empreendedores. “Nós acreditamos que sustentabilidade também é sobre coerência. É impossível falar em preservar a floresta sem mudar a forma como produzimos, consumimos e empreendemos”, observou Andrea.
A Galeria Jaty também aposta em uma curadoria cuidadosa dos produtos que comercializa. Todos os fornecedores passam por um processo de seleção que prioriza comunidades tradicionais, cooperativas indígenas e pequenos produtores que seguem princípios de comércio justo e uso responsável dos recursos naturais. “Queremos ser uma vitrine para quem trabalha de forma ética e consciente, dando visibilidade a quem muitas vezes não tem acesso aos grandes mercados”, explicou Jaty.
Para o casal, participar da COP30 é o reconhecimento de que a sustentabilidade amazônica é uma pauta que precisa ser mostrada ao mundo. “Estar presente nesse evento é muito simbólico. A COP30 vai discutir o futuro do planeta, e nós estaremos lá mostrando que Roraima e a Amazônia não são apenas temas de debate, mas também fontes de soluções reais”, afirmou Andrea.
Essa visão está diretamente alinhada aos valores defendidos pelo Sebrae Roraima, que atua como parceiro estratégico no fortalecimento de empreendedores comprometidos com a sustentabilidade, inovação e inclusão produtiva. “O Sebrae nos ajudou a transformar um ideal ecológico em um negócio viável. O apoio deles é o que garante que a nossa sustentabilidade também seja financeira, porque não existe impacto ambiental sem sustentabilidade econômica”, concluiu Jaty.
Desafios e aprendizados
A trajetória até aqui não foi simples. O início exigiu improviso e muita resiliência. “Participar de feiras, carregar produtos, vender sem ter capital de giro, tudo isso faz parte da história de quem começa pequeno. Mas cada etapa foi um aprendizado. E hoje temos uma loja sólida, uma marca reconhecida e um público que valoriza a procedência e o impacto positivo do que consome”, afirmou Andrea.
Segundo o casal, o apoio contínuo do Sebrae foi essencial para enfrentar cada obstáculo. “Desde a parte de gestão até o marketing e a logística, tivemos sempre o Sebrae por perto. Participar de programas como o Move+ e o ALI Produtividade nos ajuda a ajustar detalhes, melhorar processos e crescer de forma estruturada. É um acompanhamento que muda o rumo do negócio”, ressaltou Jaty.
Roraima na vitrine do mundo
A Galeria Jaty será uma das marcas que integrarão a loja colaborativa do Sebrae na En-Zone. O espaço reunirá produtos da bioeconomia e da economia criativa de todas as regiões do Brasil, evidenciando a diversidade da produção nacional. No caso de Roraima, o Sebrae reforça a importância de conectar a identidade amazônica à inovação e à sustentabilidade.
“Ter os produtos da Galeria Jaty em Belém, durante a COP30, é mostrar ao mundo que a Amazônia é também um território de empreendedorismo, tecnologia e soluções sustentáveis. É o Sebrae ajudando a transformar a floresta em oportunidade, sem abrir mão da preservação”, destacou Gabrielle.
Os empreendedores, que já planejam expandir para o mercado internacional, veem na conferência uma chance única de projeção. “A COP30 é uma vitrine global. Nossos produtos estarão em exposição por vários dias e poderão ser vistos por pessoas do mundo todo. Já temos clientes em Belém e sabemos que muitos vão visitar o espaço. É um passo importante para o nosso plano de internacionalização”, disse Sewbert.
Um modelo que traduz os valores da Amazônia
Para Andrea e Sewbert, o maior legado da Galeria Jaty é provar que é possível fazer negócios de forma ética, sustentável e conectada à natureza. “Ser sustentável é um compromisso diário. A Amazônia é nossa casa, e cuidar dela é o mínimo que podemos fazer. Queremos que cada produto vendido conte uma história e mostre que é possível prosperar sem explorar. É uma filosofia de vida, não apenas um diferencial de mercado”, afirmou Andrea.
O exemplo da Galeria Jaty reforça o papel do Sebrae Roraima como agente de transformação econômica e social, capaz de impulsionar negócios alinhados aos princípios dos ODS e de gerar oportunidades em harmonia com o meio ambiente. O estado, que tem se consolidado como um polo criativo e empreendedor, ganha na COP30 mais um capítulo de visibilidade e orgulho.
Para o casal de biólogos que se tornou referência em sustentabilidade, a presença na conferência é a realização de um sonho coletivo. “Quando começamos, queríamos apenas ajudar os artesãos da Amazônia a vender. Hoje, percebemos que nossa missão é muito maior: mostrar que o desenvolvimento pode caminhar junto com a preservação. E o Sebrae foi o primeiro a acreditar nisso”, concluiu Sewbert.
Para continuar acompanhando as ações, eventos e oportunidades promovidas pelo Sebrae Roraima, siga o perfil oficial no Instagram @sebrae.roraima. Lá, você encontra informações atualizadas sobre feiras, capacitações, programas de fomento e iniciativas que fortalecem o empreendedorismo e o desenvolvimento sustentável em todo o estado.
