-
Com atrativos incríveis e bastante conhecidos pelos viajantes, como o Tepequém, Monte Roraima e Parque do Viruá, Roraima dá mais um passo rumo ao desenvolvimento turístico do estado com a realização de expedições em terras indígenas, também conhecido como etnoturismo. Tal realização foi possível graças ao Famtour, promovido pelo Sebrae em parceria com o Departamento do Turismo de Roraima, entre os dias 24 e 29 de janeiro em diversas comunidades.
De acordo com a gestora do projeto de Turismo do Sebrae Roraima, Delma Andrade, o Famtour surgiu como uma forma de preparação das agências de turismo, no qual os agentes de viagens conhecem os destinos, para que tomem mais conhecimento e segurança na hora de recomendá-los aos seus clientes.
Com isso, por meio da ação, as agências que fazem parte do projeto de Turismo do Sebrae tiveram a oportunidade de conhecer as comunidades indígenas, que estão com plano de visitação protocolado junto a Funai (Fundação Nacional do índio), e que em 2022 já estarão abertas para receber os turistas.
Ao todo, foram visitadas oito comunidades indígenas entre os municípios de Amajari, Pacaraima, Uiramutã e Normandia, sendo elas: Guariba, Bananal, Nova Esperança, Kauwê, Tarau Paru, Ingaarumã, Flexal e Raposa I.
“Roraima tem muitos destinos turísticos lindos e riquíssimos de cultura e belezas naturais para serem explorados, não deixando nada a desejar em comparação com outros destinos. Conhecendo essas possibilidades, a sociedade roraimense amplia as opções do estado, aumentando o fluxo local e gerando renda para Roraima”, garante a gestora.
Delma conta que o próximo passo é trabalhar em conjunto com as agências de turismo na elaboração de pacotes com os destinos das comunidades visitadas, bem como atender os indígenas, dando a eles as orientações necessárias para que estejam preparados para negociar com as agências e receber os turistas.
O Coordenador de Turismo da Comunidade Indígena Raposa I, Enoque Raposo, que também participou do Famtour, destacou a ação como bastante positiva, pois as comunidades Indígenas tiveram pela primeira vez uma equipe que busca ajudar, já que antes era impossível trabalhar o turismo em suas regiões, declarou.
“O próximo passo é sentar com as lideranças indígenas para discutir novos caminhos para continuar buscando alternativas para melhorar os trabalhos, como cursos para aperfeiçoamento de pessoal nas áreas de gestão de negócios, empreendedorismo, finanças, para que tenham profissionais indígenas qualificados no setor de turismo da comunidade”, disse o coordenador.
Proporcionar aos turistas um passeio único e cheio de surpresas pelo inexplorado mundo dos povos indígenas tem seus desafios, como pontua o diretor do Departamento de Turismo do Governo de Roraima, Bruno Di Brito.
Segundo ele, um dos desafios é identificar as necessidades das comunidades, para que elas possam desenvolver o modelo de etnoturismo de forma efetiva, como exemplo, a instalação das etnopousadas, que devem ser construídas nas próprias comunidades e operadas pelos indígenas.
Di Brito explica também que a capacidade de visitantes e o estabelecimento das normas deve ser inteiramente realizado pela comunidade que receberá os turistas, ou seja, cada um dos atrativos visitados vai ser resguardado pelos próprios indígenas.
“As pessoas que vão cuidar, que vão zelar por esse patrimônio natural, material e imaterial, que é a cultura são os próprios indígenas, as próprias comunidades que vão limitar o número de pessoas e de agências de turismo do estado que vão trabalhar com esse produto”, garantiu.
Os pacotes de viagem e passeios serão comercializados pelas comunidades junto com as agências criando uma parceria entre ambos para que se faça um turismo de forma sustentável, que respeite o meio ambiente, a cultura, as tradições. Mas, sobretudo que não venha atrapalhar a vida das pessoas nem mesmo danificar os seus recursos naturais que vão ser usados pela atividade turística no estado.
Dentre os potenciais turísticos identificados durante o Famtour, o diretor destacou cultura indígena de forma geral.
“Ela é extremamente rica e tem uma diversidade enorme. Visitamos comunidades das etnias Macuxi, Pemon, Taurepang, e todas essas comunidades que foram visitadas têm características únicas, como o respeito às tradições”.
O primeiro passo já foi dado, agora a articulação entre as agências e as comunidades deve se estreitar para que os passeios tenham início ainda este ano. Uma oportunidade única de se aventurar pelo inexplorado e conhecer Roraima de um jeito jamais visto antes.
Além de contribuir para o crescimento do setor turístico do estado, o etnoturismo deve também fomentar a economia com a geração de novos empregos e a atração de visitantes de outros lugares do mundo encantados pela Amazônia.
POTENCIAL DO ESTADO
A gestora nacional do Turismo, Ana Clevia, avaliou como importante a realização do Famtour em Roraima.
“A ação realizada em parceria pelo Sebrae-RR e o Departamento do Turismo de Roraima é fundamental para impulsionar o turismo, que é uma vocação natural do estado e já contribui para o desenvolvimento econômico”, iniciou.
Ela explica que o turismo no século XXI e pós-pandemia está focado em territórios que tenham identidade cultural que lhes confira singularidade, propiciando aos visitantes experiências inesquecíveis.
“Outro ponto importante é a inserção de comunidades tradicionais. Atualmente os turistas buscam viajar para lugares que priorizam um turismo sustentável com a participação das comunidades locais”, explicou.
Ana acrescentou que estas tendências beneficiam diretamente Roraima, porque este é exatamente o produto turístico que o Estado tem a oferecer.
“Foi uma experiência incrível interagir com as comunidades e constatar o trabalho do Sebrae vendo os seus líderes com tarifário na mão negociando com os empresários. E o mais importante dizendo quais são as regras que os turistas devem seguir para visitar as suas comunidades. Este posicionamento é fundamental para fazer das comunidades indígenas roraimenses um espaço autêntico e singular do turismo no Brasil”, concluiu.