Em meio aos estandes movimentados do Inova Amazônia Summit 2025, em Macapá, um equipamento chamou atenção não apenas pelo design, mas pela proposta revolucionária. Criado pela Agranus, startup de Roraima, o dispositivo promete transformar a forma como o açaí é colhido na Amazônia. À frente do projeto está Carlos Johnatan, agroecólogo e cofundador da empresa, que compartilhou sua trajetória com entusiasmo e propósito.
A ideia da Agranus nasceu em 2019, quando Carlos participou pela primeira vez do programa Biter.
Naquele ano, a gente foi campeão em primeiro lugar. Foi ali que descobrimos o mundo da inovação e das startups. Desde então, mergulhamos de cabeça no projeto conta

O projeto da Agranus é ambicioso e necessário. Seu carro-chefe é um equipamento de colheita de açaí que elimina a necessidade de subir nos açaizeiros, uma prática ainda comum e arriscada para os profissionais.
A pessoa não precisa mais subir na árvore, o que reduz drasticamente o risco de acidentes. Além disso, o equipamento aumenta a produtividade, porque permite colher por mais tempo, com menos desgaste físico
Desde sua fundação, a Agranus tem colecionado participações em programas de fomento e inovação: Centelha Roraima, Catalisa ICT, Softex Brasil e o Inova Amazônia, que Carlos considera um divisor de águas. Em 2024, foram selecionados para o PPBio VERT, programa prioritário da bioeconomia da Zona Franca de Manaus. E agora, em 2025, a empresa se prepara para o maior passo até então: o lançamento oficial do equipamento no Amazontech – evento que será promovido pelo Sebrae Roraima em setembro-, com início das vendas pelo site e exposições práticas.
A startup é composta por uma equipe enxuta e dedicada. “Somos dois fundadores e contamos com um professor mentor na parte científica. Quando conseguimos bolsas de projetos, envolvemos alunos do curso de agroecologia do Campus Murupu da Universidade Federal”, explica Carlos, formado em agroecologia.
Durante o evento, ele já colhe bons frutos. Fez contatos com cooperativas do Amapá, especialmente da região de Pracuúba e Pedra Branca do Amapari, onde o pico da safra acontece entre janeiro e março. “A ideia é agendar demonstrações presenciais do equipamento com os produtores. Estamos articulando parcerias com cooperativas que podem se beneficiar diretamente dessa tecnologia.”
A conversa com Carlos também revela um lado engajado e crítico sobre o papel da pesquisa no Norte do país. Para ele, a pesquisa acadêmica ainda está muito restrita aos muros das universidades.
É tudo muito recente, especialmente em Roraima. A pesquisa aplicada ao negócio ainda é vista com desconfiança. Mas isso precisa mudar. A inovação não pode parar na teoria. Quando a pesquisa vira produto, vira solução. Gera renda, salva vidas
Carlos expõe durante três dias o seu produto para centenas de visitantes que passam pelos estandes do Inova Amazônia Summit 2025.