
Em meio aos corredores de inovação do Amazontech 2025, um produto em particular tem chamado a atenção de visitantes, investidores e entusiastas do agronegócio: o cacau de Roraima. O fruto, que tem no sul do estado seu principal pólo de produção, é o carro-chefe de um projeto estratégico do Sebrae, que visa não apenas fortalecer o cultivo, mas também capacitar as famílias produtoras para a industrialização, gerando maior valor, agregado e abrindo novos mercados.
Estrutura de apoio e modelo de governança
A gestão do projeto de cacau está a cargo da Unidade de Competitividade Agroambiental (Uagro) do Sebrae Roraima, que oferece um portfólio completo de soluções aos produtores. A gerente da unidade, Itamira Soares, explica como funciona a assistência.
“Os produtores fazem parte de um projeto que se beneficia de todo o nosso portfólio de soluções. Atualmente, eles recebem consultoria e assistência técnica por meio do Iater e capacitações contratadas pelo Sebrae. Identificamos que o gargalo inicial era a produção, então focamos em organizá-la. A partir de 2026, nossa meta é avançar na parte de gestão, capacitando-os para os desafios de mercado.”
O trabalho é amparado por um sólido Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que reúne diversas instituições parceiras, cada uma com sua responsabilidade e missão, entre elas, o Iaterr (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural), que fornece a assistência técnica; Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima), o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e outros parceiros.
A governança desse projeto é muito importante. Quanto mais trabalhamos a governança do setor do pólo cacaueiro, mais o projeto ganha capacidade de entregar resultados concretos.Afirma a gerente.
A rota do cacau
O pólo cacaueiro de Roraima está localizado no sul do estado. A maior concentração de produção é no município de Caroebe, mas há produtores em São Luiz do Anauá, Rorainópolis, e Caracaraí. A estratégia de mercado para as amêndoas de cacau de Roraima foi detalhada por Rodrigo Rosa, analista do Sebrae responsável pelo projeto.
“Hoje, as amêndoas de cacau de Roraima são comercializadas em grande parte com compradores de Rondônia, que as encaminham para processadoras de cacau e chocolate na Bahia e no Espírito Santo. Nossa perspectiva agora é a partir de 2026 captar recursos para a implantação de uma biofábrica de produção de chocolate em Roraima e organizar os produtores para comercializarem suas amêndoas e o chocolate processado.”
O projeto, que busca o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, está atento aos gargalos da industrialização.
“Os produtores ainda estão iniciando na industrialização. Por isso, vamos realizar uma capacitação até o final do ano em fabricação de chocolate para nivelar o conhecimento das famílias produtoras. O objetivo é compartilhar e multiplicar esse conhecimento sobre processamento e fabricação de chocolate, em especial para as famílias que fazem parte do nosso projeto”, explica Rodrigo Rosa.
O resultado de toda essa estrutura se reflete na vida dos produtores, representados por José Pereira, produtor do município de São Luiz do Anauá. Ele iniciou seu cultivo de forma modesta em 2023, com 1.300 pés de cacau, e hoje se sente confiante para o futuro.
“O Sebrae é 100% nosso parceiro. Nos dá toda a força e todo o apoio que a gente precisa. Eles nos trazem para eventos como o Amazontech, onde podemos mostrar nosso trabalho, e nos levam aos cursos no interior para aprendermos a fazer chocolate. Todo o apoio de transporte, tudo isso, o Sebrae nos dá. Aprendemos a produzir cacau, a secar, torrar e fazer chocolate em diferentes porcentagens. O projeto está dando muito certo e vai dar mais ainda para nós, produtores.”
Seu José Pereira destacou ainda a intenção de diversificar a produção, mostrando que o conhecimento e o apoio recebidos abriram novas perspectivas para seu negócio e sua família. Ele é um dos representantes de uma nova geração de agricultores que está no Amazontech não apenas para expor, mas para aprender, se conectar e fortalecer uma rede que coloca Roraima como um novo e promissor pólo cacaueiro na Amazônia.
O sucesso do cacau roraimense no Amazontech reforça o potencial do estado como um player relevante na bioeconomia. O projeto, liderado pelo Sebrae, não se limita apenas ao fruto, mas se expande para as diversas aplicações da amêndoa, da gastronomia de alta qualidade aos futuros mercados de cosméticos e fármacos.
