Aconteceu na manhã deste sábado (9), a entrega da indicação geográfica (IG) às panelas de barro produzidas na comunidade indígena Raposa Serra do Sol I. O evento contou com a participação de diversas autoridades na 10ª edição do festival das panelas de barro, incluindo a equipe Sebrae.
Graciela Missio, analista técnica da Unidade de Gestão da Inovação, Mercado e Serviços (Ugims), do Sebrae Roraima, se emocionou ao afirmar o compromisso da instituição com o desenvolvimento do Estado de Roraima por meio dos micro e pequenos negócios.
Itamira Soares, gerente da Unidade de Competitividade Agroambiental (Uagro), do Sebrae Roraima, que participou do acompanhamento desde o início da pesquisa, contou que a entrega e reconhecimento da indicação geográfica agrega valor ao produto, além de contribuir com o empreendedorismo. De acordo com Itamira, quando você adquire uma peça, ‘não é apenas uma panela’, mas adquire a história de mulheres guerreiras que trabalham arduamente para produzir as panelas.
A agregação de valor e a notoriedade das produções ficará ainda maior, devido ao reconhecimento nacional e internacional desse certificado, atraindo ainda mais o turismo, a economia e quem sabe até compradores internacionais, que passam a reconhecer ainda mais o valor das peças disse.
Lindolfo Fidelis, o tuxaua da comunidade, afirmou que as panelas de barro da Raposa são reconhecidas em todo o estado de Roraima, então receber essa indicação geográfica é uma forma de valorizar e revitalizar a produção das panelas, além de proporcionar o reconhecimento da comunidade da Raposa e as comunidades adjacentes.
Leiloberte da Silva e Cleucimar Raposo são algumas das ceramistas que fazem parte da associação das panelas de barro. As artesãs contaram que ficaram felizes com o reconhecimento, e esperam que essa próxima etapa profissional seja de ainda mais sucesso. Cleucimar se emocionou ao receber o certificado das mãos de Itamira, não conseguindo segurar as lágrimas.
Bruno Dantas, secretário de turismo do Governo do Estado de Roraima, disse que esta edição do festival das panelas de barro foi agraciada com essa certificação, reafirmando o compromisso do governo do Estado com o desenvolvimento dos municípios e das comunidades indígenas. “Essa parceria de diversas instituições, principalmente o Governo de Roraima e o Sebrae possibilitaram que a economia, a cultura e a produção da comunidade da Raposa I fossem ainda mais conhecidas e valorizadas, e para nós é uma satisfação poder participar de um evento como este”.
Enoque Raposo, coordenador evento disse que a certificação é de suma importância para proteger e cuidar do barro sagrado de onde são as panelas são feitas.
A IG vem fazendo estudos sobre isso, consultas com as mulheres paneleiras, a forma de como elas lidam com a ancestralidade, ritualística, e foi descrito. Isso que aqui na Raposa se tem uma maneira de se fazer uma panela e ela é a única porque em outros lugares são diferentes, tipos de panelas diferentes, não tem a mesma qualidade, não são brilhosas da mesma forma, e são aqui feitas pelas indígenas artesãs daqui da nossa comunidade, então esse momento foi de suma importância para nós termos esse documento de certificação a nível nacional.
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Larissa Guimarães, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Roraima, participou do comitê gestor da política quando teve a construção do processo da panela de barro para a IG, para a indicação geográfica junto a INPI. A superintendente disse que o instituto fez o acompanhamento do processo, e no encaminhamento de dados para a formalização da associação, com os processos burocráticos. Para ela, é um processo importante para ressaltar a economia, o patrimônio e as possibilidades de comercialização, de acesso a uma indicação geográfica dentro da economia de mercado.
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A Indicação Geográfica
É um registro que identifica a origem de um produto ou serviço, agregando valor, reputação e identidade própria, além de contribuir com a proteção da região produtora. Promove a melhoria de acesso ao mercado, geração de renda local, preservação de tradições locais e desenvolvimento regional.
Para chegar ao dia de hoje, a comunidade passou por uma série de capacitações, desde valor de produtos à padronização, layout e apresentação dos produtos.
O acompanhamento foi realizado pela Unidade de Gestão da Inovação, Mercado e Serviços (Ugims), por meio da analista técnica, Graciela Missio, que participou do evento.