Agência Sebrae de Notícias

O Sebrae Ataíde Teive recebe, nesta quarta e quinta-feira, 4 e 5 de junho, o evento “Empreendedorismo Verde: ser sustentável também dá lucro”. A iniciativa, que integra a programação do Amazontech 2025, oferece oficinas criativas, palestras e rodas de conversa que demonstram como a sustentabilidade pode gerar um impacto positivo significativo, tanto para o meio ambiente quanto para o lucro dos empreendedores. Além das oficinas, o evento conta com orientação sobre crédito com o Banco da Amazônia e palestras sobre sustentabilidade, lucro e cases de sucesso.

O dia começou com uma imersão nas tradições locais, por meio de duas oficinas de artesanato com fibra de buriti. A primeira focou em artigos de cestaria, enquanto a segunda explorou a criação de biojoias, ambas ministradas por mulheres indígenas da etnia Warao, em uma parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Juliane Cravo, analista do Sebrae Roraima e integrante da coordenação do Amazontech, detalhou a relevância da iniciativa.

O Empreendedorismo Verde visa trazer a discussão de empreendedorismo sustentável para o empresário local, incorporando conhecimentos tradicionais e a utilização de matéria-prima e recursos regionais como a fibra do buriti. Este fruto, utilizado em diversas indústrias – têxtil, cosmética e alimentícia – e cujo óleo pode ser usado como biocombustível, é um exemplo prático de como uma cultura pode ser aplicada de diversas maneiras. Com as oficinas, conseguimos ver essa aplicação na prática, com as mulheres da etnia Warao, detalhou Juliane.

Ela acrescentou que o objetivo do evento é dar visibilidade às tecnologias e conhecimentos amazônicos que podem ser transformados em produtos e, consequentemente, impulsionar a economia regional.

Luanna Carvalho, representante da ACNUR, ressaltou a importância de iniciativas como essa para a integração de populações refugiadas.

Dentro da ACNUR, temos o conceito de coexistência pacífica, que se manifesta justamente em atividades como esta, de conectar a população refugiada ao Estado e a instituições como o Sebrae, para aproximar e conseguir uma integração mais saudável e sustentável, e entender que essas pessoas já fazem parte do território, já fazem parte da comunidade, afirmou Luanna.

Ela pontuou que muitas dessas mulheres já possuem o espírito empreendedor, mas precisam de apoio para otimizar seus negócios no Brasil.

Essas mulheres já são empreendedoras. O que falta para elas serem empreendedoras no Brasil é justamente isso: a promoção de atividades como as do Sebrae, que abordam temas como precificação, MEI, e as apoiam para que continuem fazendo aquilo que já oferecem, de maneira otimizada, complementou.

A experiência da oficina foi enriquecedora para os participantes, como a artista plástica Sourrio Melo.

“Acho enriquecedor, pois acredito muito nessas trocas, primeiramente, não só da nossa região, mas também com outros estados e países. Além disso, é um trabalho bem ancestral, que carregamos e é uma troca que temos com pessoas de outros lugares. É sempre muito enriquecedor”, declarou Sorrio.

Ela também ressaltou a importância da valorização do artesanato, que muitas vezes é desvalorizado no Brasil, apesar do trabalho árduo envolvido.

“Para mim, é uma questão bem pessoal, pois trabalho com artesanato e sou artista, sendo essa uma das minhas formas de sustento, por isso estou aqui. Gosto de estar sempre agregando mais informações e tendo mais essas trocas, porque isso agrega muito ao meu trabalho. Além disso, dentro do que acredito, enquanto artista e nortista, os trabalhos sustentáveis são uma forma de nos conectar não só com quem somos enquanto região, mas também enquanto sociedade. No mundo em que vivemos hoje, onde tentam sempre apagar nossa história, principalmente na nossa região, trazer, manifestar e fortalecer esse tipo de trabalho, esse empreendedorismo, e tentar levar para outras pessoas, é muito importante e engrandecedor”, defendeu.

Outra participante entusiasmada foi Raquel, artesã com quatro anos de experiência em biscuit e materiais similares.

“Isto aqui é maravilhoso, usar matéria-prima tradicional. Estou achando tudo muito novo. É uma oportunidade boa porque valoriza aquilo que já temos”, comentou Raquel.

Glicéria Lopes, também da organização do evento, reforçou a perspectiva do Sebrae Roraima.

Oportunidades como essa reforçam o incentivo que o Sebrae dá ao empreendedorismo. Mais do que a valorização daquilo que é nosso, o buriti, quem participa dessas oficinas pode passar a confeccionar peças para comercialização. E esse é um momento propício para isso, já que a Amazônia está nos olhos do mundo e cada vez mais esse tipo de trabalho é valorizado, afirmou.

Sobre o Amazontech 2025

Criado pelo Sebrae, o Amazontech se consolidou ao longo de mais de duas décadas como um espaço de articulação entre conhecimento científico e tradicional, promovendo soluções que aliam ciência, tecnologia e empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O programa é estruturado em três diretrizes principais: desenvolvimento regional sustentável com inclusão e diversidade, internacionalização e inovação e colaboração por meio de parcerias estratégicas.

A edição deste ano terá como foco o fortalecimento da bioeconomia, a adoção de tecnologias limpas, o estímulo ao empreendedorismo sustentável e a valorização dos saberes tradicionais. A programação do evento inclui exposições de produtos e serviços sustentáveis, rodadas de negócios, seminários temáticos e hackathons, promovendo um ambiente de troca de experiências e desenvolvimento de soluções para desafios ambientais e sociais da região. O evento deve acontecer de 4 a 6 de setembro, com programação a ser divulgada em breve nas redes sociais do Sebrae Roraima (@sebrae.roraima).