
Na segunda rodada de palestras do “Dia de Campo do Cacau” em Caroebe, que acontece nesta sexta-feira e sábado (20), o foco foi nos desafios técnicos que os produtores de cacau de Roraima enfrentam, e na importância de se prepararem para ameaças que ainda não chegaram ao estado. Em um contexto de expansão da cultura na região sul do estado, as palestras e a mesa-redonda foram direcionadas para a capacitação em manejo fitossanitário e o controle de doenças que podem comprometer a produção. O evento é uma colaboração entre o Sebrae Roraima, Embrapa e a Prefeitura de Caroebe, com o objetivo de munir os produtores com informações essenciais para a sustentabilidade de suas lavouras.
O analista da Unidade de Competitividade Agro Ambiental (Uagro) do Sebrae Roraima, Rodrigo Rosa, abriu a discussão destacando a importância de ações preventivas. “A gente traz pesquisadores, técnicos e professores de outros polos de produção de cacau no Brasil para orientar os produtores de Roraima sobre como se precaver de pragas e doenças, tanto as que já estão em Roraima quanto as que não chegaram ainda. É importantíssimo trazer pessoas que já estão mais à frente em outros polos cacaueiros para orientar os produtores daqui a como manejar adequadamente o cacau e precaver e tratar as enfermidades.” Rosa ressaltou que a cultura é nova no estado, e por isso o compartilhamento de conhecimento é fundamental para evitar perdas futuras.
A experiência de outras regiões na luta contra as principais doenças do cacaueiro foi um tema central. Em sua palestra, a pesquisadora e chefe geral da Embrapa, Hyana Lima abordou o manejo da “vassoura de bruxa”, uma doença que afeta tanto o cacau quanto o cupuaçu, cultura já disseminada no estado.
A vassoura de bruxa já é bastante conhecida para os produtores de cupuaçu, mas para os produtores de cacaueiro, eles estão agora aprendendo a diferenciar bem os sintomas do que é vassoura de outras doenças como a podridão e a mancha. De acordo com ela, alguns produtores já identificaram a ocorrência da doença em suas lavouras e estão buscando informações para manejá-la.

O pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Miguel Alves Júnior, aprofundou o tema da fitossanidade na Amazônia. Em sua palestra, ele destacou que, embora Roraima não seja uma região tradicional de cacau, a cultura é nativa da Amazônia. Ele enfatizou a importância do manejo em todos os aspectos da produção.
“Não basta só adubar ou adquirir uma muda de qualidade se você não prestar atenção na parte fitossanitária. O cacau tem pragas e doenças que são importantíssimas para a cultura e que podem causar um grande dano e comprometer o ganho e a produtividade do agricultor. A fitossanidade está num contexto muito importante dentro da cadeia, porque é para você produzir com maior qualidade, uma produtividade rentável e ter um alimento com segurança, com menos aplicação de defensivos químicos. Se você faz esse manejo das pragas e das doenças, você consegue obter esse êxito”.

Após as palestras, uma mesa-redonda reuniu todos os especialistas para consolidar o conhecimento e dar uma visão geral da cadeia produtiva. O moderador, o pesquisador da Embrapa Roraima, Otoniel Ribeiro Duarte, relembrou o histórico da cultura no estado.
“A cadeia do cacau aqui começou em 2018. Eu era o chefe da Embrapa, e criamos o Fórum da Agricultura Familiar. Dentro do fórum, saiu o polo cacaueiro. Estruturamos isso e hoje ficamos muito felizes de ver o resultado do crescimento da cadeia e a importância econômica que isso traz para o estado. Neste momento, culminamos com o conhecimento de profissionais do Pará, de Rondônia e de Roraima, no sentido de agregar conhecimento e como esse conhecimento chega até o nosso produtor”.

O evento também deu voz aos produtores rurais, que participaram ativamente das discussões e compartilharam suas experiências. Sebastião Domingos, produtor de cacau em Caroebe, está envolvido no projeto desde o início e valoriza o apoio que tem recebido. Para ele, “quando o assunto é cacau, não existe quem saiba tudo”.
Sebastião afirmou que “eventos como esse servem para enriquecer o conhecimento dos produtores e que está sendo excelente”. Ele reforçou que tem recebido total apoio do Sebrae e das instituições parceiras desde o início, o que tem sido fundamental para o desenvolvimento de sua produção. A fala de Sebastião demonstra que o conhecimento é um processo contínuo e que a troca de experiências é um pilar essencial para o sucesso do setor em Roraima.

O Dia de Campo do Cacau
O “Dia de Campo do Cacau” é um evento de capacitação e articulação que visa fortalecer a cadeia produtiva do cacau em Roraima. Organizado pelo Sebrae, Embrapa e Prefeitura de Caroebe, o evento reúne especialistas e produtores para apresentar as melhores práticas de cultivo e beneficiamento. Seu objetivo principal é fornecer o conhecimento técnico necessário para que os produtores possam aumentar a qualidade e a produtividade de suas amêndoas, tornando-se mais competitivos e posicionando a região sul de Roraima como um novo polo de excelência em cacau no Brasil.
